Como encarar o suicídio sem julgamentos

Chegou a hora de falar sobre um tema que acomete a sociedade atual e muitas vezes é de difícil entendimento e aceitação: o suicídio. Esse assunto, na visão da constelação familiar, vai muito além da simples compreensão da ideia de que uma pessoa decidiu tirar a própria vida por livre e espontânea vontade. Como define o psicoterapeuta alemão Bert Hellinger, há um processo sistêmico - uma visão do todo por meio da análise das partes que o formam - por trás da atitude de cada um, e é assim que a constelação olha para o problema, considerando o sistema familiar como um todo.

De acordo com a psicóloga e consteladora, Amanda Marques, a constelação sistêmica define o suicídio como sendo a busca de um dos membros que foi esquecido ou ainda não tem um lugar de honra na família. “Normalmente, quando acontece um suicídio em família, a pessoa está honrando alguém que foi esquecido”. Desta maneira, a constelação pode atuar na prevenção ao suicídio porque desfaz os nós, restabelecendo a ordem e incluindo novamente os esquecidos, fazendo com que o reclamante não se responsabilize por essa desordem e passe a exercer o amor que cura e não o que adoece, como esclarece Hellinger.

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Sendo assim, quando a ordem do amor é reverenciada, com respeito a quem já foi e aos antepassados, criando-se, assim, um vínculo de amor que induz os participantes do sistema a pensar sobre o ímpeto de tirar a vida, a constelação libera o indivíduo para viver a sua própria vida e destino, já que ele se libera do destino de outro membro que até então não estava incluído no sistema familiar. Conforme orienta Amanda, falar sobre o que se sente e buscar ajuda profissional para entender o que se passa é fundamental nesse processo. “Muitas vezes, as pessoas querem ajuda, mas não podem acessar o que pode ser acessado pela constelação”, explica.

Além disso, para as famílias que já passaram por esse tipo de situação, responder a questões como “de que maneira meu sistema está comprometido?”, “que regra do amor foi quebrada para que uma pessoa queira seguir a outra na morte, em honra a ela?”, são perguntas que a constelação também ajuda a entender. Ainda segundo Amanda, é importante que os familiares aceitem a decisão de quem resolveu partir, pois se essa escolha não for respeitada, a estrutura de exclusão será repetida e outra geração reclamará essa ausência. “Portanto, desse ponto de vista, esta ideia também é preventiva e pode evitar que identificações futuras aconteçam”, frisa.

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Por se tratarem de estudos desenvolvidos no final do século XX, a constelação familiar, terapia de alta performance proposta por Bert Hellinger, vem ganhando, hoje, significativa visibilidade. Recentemente, o Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, incluiu a terapia em sua lista. Sem julgamentos, a técnica sistêmica dá luz aos sentimentos e às decisões que, na maioria das vezes, são tomadas de forma inconsciente pelos indivíduos, ajudando-os a serem livres para viver o próprio destino.

Desde 1962, o Centro de Valorização da Vida (CVV) presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e para prevenção do suicídio à sociedade. Em 1973, a associação civil sem fins lucrativos e filantrópica, foi reconhecida como de Utilidade Pública Federal. A organização funciona 24h por telefone (188), pessoalmente em postos espalhados por 19 estados mais o Distrito Federal e por chat online no site www.cvv.org.br. Há três anos, o CVV iniciou o movimento Setembro Amarelo para divulgar essa causa tão importante, mas transformada em tabu.

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