Como a adoção funciona na visão sistêmica

Além de uma grande alegria para os futuros pais, muitas vezes, a ideia de adotar uma criança pode gerar também o medo da adaptação ao novo lar ou a um estilo de vida diferente, principalmente se a criança já estiver mais crescida.

Mas, para o bem-estar dessa criança, como explica o psicoterapeuta alemão, Bert Hellinger, é importante tentar que esta adoção seja feita por algum outro membro do mesmo grupo familiar da criança.

Para a criança é importante que sejam checadas todas as possibilidades, afim de que ela possa crescer em seu próprio grupo familiar. Somente após feita essa busca, essas crianças devem ser colocadas em processo adotivo por outros grupos.

Importância dos pais biológicos

Segundo a psicóloga e consteladora do Constela Brasil, Amanda Marques, é necessário que os pais adotivos tenham em mente que os pais biológicos têm precedência e por isso são mais importantes para os filhos.

Sendo assim, o sucesso da adoção está associado ao fato da aceitação dos pais adotivos de tudo como foi, e dos pais biológicos como são, sem julgamentos.

A criança adotada, em sua alma, sempre olhará para sua família biológica em um movimento de lealdade e ela só poderá ser feliz, saudável e plena se puder dar em seu coração um lugar para seus pais, explica a especialista do Constela Brasil.

Além disso, é fundamental que os pais adotivos tenham essa consciência para também poderem apoiar os filhos adotivos no processo de aceitação dos pais biológicos e da história assim como foi, e, assim, esses filhos alcancem sucesso em suas vidas.

Registro de abandono

Pessoas adotadas podem registrar o sentimento de abandono, mesmo que a causa de sua adoção seja devido à morte precoce dos pais.

Para a constelação sistêmica, o registro da criança precisa ser trabalhado. Cada história é única e deve ser tratada com amor e aceitação, reverenciando o destino de seus familiares e as escolhas que eles fizeram, reforça Amanda.

Atualmente, existem bastantes recursos para que essas pessoas consigam ressignificar esse registro de abandono. Um processo de adoção pode ser apoiado por profissionais que amparem esses pais adotivos e também as crianças.

Como os pais adotivos podem auxiliar os filhos adotivos?

Ao adotar uma criança é preciso aceitar um sistema familiar diferente e, para isso, é preciso estar equilibrado dentro do seu próprio sistema. Como afirma Hellinger, esse é um ponto relevante a ser considerado nos processos de adoção.

No entanto, o mais importante é se conscientizar de que a criança vem de outra família e que foi graças a essa família que essas crianças chegaram até os pais adotivos.

Assim sendo, “eles não são os pais dessas crianças, mas, sim, pessoas que vão apoiar o seu caminhar, de forma mais leve e mais saudável. E, acima de tudo, elas não estão salvando essas crianças, muitas vezes elas é que passam a salvar os casais que as adotam, pois a eles falta algo”, explica Amanda.

Adoção não é para “preencher vazios”

É necessário sempre atentar-se ao fato de que cada caso deve ser avaliado em sua singularidade, mas o que precisa ficar claro é que a adoção é válida quando acontece para apoiar a existência daquelas crianças de maneira saudável e não para preencher os “vazios” do casal que a adota.

“Um casal precisa reconhecer o que deseja com aquela adoção, para que não se sobrecarregue, ainda mais, as crianças com expectativas de terem que dar a esses pais adotivos o que elas, as próprias crianças, estão, na verdade, precisando receber”, esclarece Amanda.

Sem conflitos após uma adoção

Para que conflitos sejam evitados, de curto a longo prazo, olhar para aquelas crianças e respeitar suas origens é fundamental.

O educar é um processo conflituoso não só para quem adota, pois conflitos são inerentes às relações. Porém, pode-se amenizar as dificuldades com o reconhecimento desse histórico familiar.

Mas, não há segredo! O que faz com que uma adoção dê realmente certo é o amor. O amor que cura, e que respeita as ordens, a origem e que nada exclui.

“O amor é terapia. No mundo não há nenhum outro tratamento, senão o Amor. É sempre o Amor que cura, pois o Amor faz você inteiro.” (BERT HELLINGER)



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