O mundo da criança pelo olhar sistêmico

Você já reparou o quanto as crianças são amorosas e, muitas vezes, basta estar perto delas para mudar a nossa energia ou recarregar as baterias?

Apesar de parecerem ligadas no 220 Volts e pensarmos que não daremos conta de acompanhá-las, tudo fica verdadeiramente mais leve e agradável ao lado delas.

Isso acontece porque, segundo Bert Hellinger, criador das Constelações Familiares, a criança não tem limites para amar e expande esse amor a todos do seu grupo familiar, inclusive, para os excluídos desse sistema.

Dessa maneira, dentro do seu universo, a criança tem a relação com os pais, com a família, com a escola e com o mundo. No mês em que se comemora o Dia das Crianças, confira alguns temas que permeiam essas relações e deixe a vida de seu filho ainda mais saudável e alegre.

Quando há a ausência de um dos pais

Em um dos workshops do Constela Brasil, uma mãe expôs que o pai de seu filho faleceu quando a criança ainda era um bebê e o avô materno passou a ser a referência dessa criança.

Como explica a psicóloga e consteladora Amanda Marques, quando há a ausência de um dos pais, por qualquer motivo que seja, essa referência masculina ou feminina é muito importante para a criança.

Já enquanto pais, é fundamental reconhecer que o filho só existe graças àquele pai ou àquela mãe que lhe deu a vida.

Ao negar o acesso à memória e significado que essas pessoas tiveram, a criança busca externamente o preenchimento desse vazio, mas não obtém o que procura, pois apenas a ligação com sua origem lhe preencherá.

No entanto, o pai ou a mãe que permite o olhar da criança para sua origem, permite também que essa criança seja humana e vulnerável e, assim, completa e feliz.

Diagnóstico de transtornos infantis

Conforme explica o psicoterapeuta alemão em seu livro Olhando para a Alma das Crianças, “todas as crianças são boas, assim como seus pais”.

Mas o que isso quer dizer? Quando existe a necessidade de um diagnóstico, muitas vezes os pais se culpam e se perguntam o que fizeram de errado na criação dos filhos.

Entretanto, o que a criança deseja é que os pais olhem com amor para ela e através delas. Um comportamento agressivo, por exemplo, pode significar que a criança não está vivendo a sua vida, mas, sim, vive algo por alguém que não teve o seu lugar.

Diante desses diagnósticos, é preciso ampliar a visão, evitar o reducionismo e a estigmatização, para que, assim, as crianças possam ser crianças dentro das possibilidades delas.

Relação professor e aluno

Ainda sobre o comportamento das crianças, muitas vezes, essa atitude não é apenas questão de uma boa ou má conduta, pois reflete, na verdade, algo muito mais profundo.

 Segundo Bert Hellinger, é preciso aprender a “enxergar para além da criança, pois ela é somente um sintoma do que está adoecido na família”.

No caso da relação entre professor e aluno, a postura da criança em sala de aula, na maioria das vezes, traz à tona algo que está em desordem em sua família.

Assim, como cada família é diferente uma da outra, não cabe aos educadores julgar as decisões dos pais, pois cada um tem um desafio ao criar seus filhos.

Dessa maneira, cabe aos professores honrar a particularidade dessa família sem impor a ideia de que ela deveria ser diferente e, assim, a criança não terá a necessidade de mudar o seu sistema para se adequar àquele meio.

A diferença entre ser pai e ter filho

Quando um casal se une, existem muitos motivos inconscientes que os impulsionam, além do amor. Assim também funciona quando se decide ter filhos.

No entanto, a decisão de ter um filho não transforma uma pessoa em um pai ou mãe, automaticamente, mas sua motivação parte da ideia de ser um pai melhor do que os seus pais foram. E é exatamente aqui que mora o perigo.

Não aceitar os pais como eles são, acarreta a exclusão de quem nós próprios somos, visto que somos 50% nossa mãe e 50% nosso pai.

Ao se tornar pai ou mãe, é preciso deixar de lado o olhar de cobrança para os pais, pois eles fizeram o que deram conta na sua criação.

Enfim, é possível gerar e ter filhos, mas apenas os adultos que aceitam os seus pais como eles são, conseguem perceber que cada um faz o que dá conta e, assim, se tornam verdadeiramente pais.



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