O que há além da “ovelha negra”?

Quando o comportamento e a personalidade de determinado membro familiar não condizem com os valores impostos pelo grupo, esse indivíduo é classificado como “ovelha negra”, uma expressão popular utilizada para representar a peculiaridade de uma pessoa que é diferente das outras e, normalmente, é rechaçada por estar fora dos padrões considerados normais pela sua família.

Segundo a psicóloga e consteladora familiar, Amanda Marques, a pessoa considerada uma ovelha negra é aquela que tem o comportamento diferente do padrão e do contexto no qual a família está inserida. Por exemplo, indivíduos muito ricos que preferem ser hippies ou uma pessoa que deseja ser espírita enquanto os outros membros da família são católicos ou evangélicos. “Essas pessoas são vistas como diferentes e costumam ser excluídas. Por isso, tendem a buscar a aceitação do grupo, mas, ainda assim, não se sentem pertencentes a ele, visto que elas já possuem outra postura diante de determinadas situações”, explica a terapeuta.

Mas, como se sentir pertencente à uma família, na qual não se deseja estar, repetindo o comportamento de todos e não se sentir culpado por ser diferente?

Ao se deparar com o “diferente da família”, o grupo familiar tende a rejeitá-lo. Desse modo, julgamentos e críticas acontecem devido ao fato de a “ovelha negra” expor algo da família. Ou seja, aquele que destoa do padrão traz à tona situações e comportamentos anteriormente negados e excluídos da história do grupo familiar.

Para Bert Hellinger, criador da constelação familiar, existem regras que regem as relações e a necessidade de pertencimento. De acordo com o psicoterapeuta alemão, em todos os relacionamentos as necessidades fundamentais atuam umas sobre as outras, de maneira complexa. Sendo algumas delas:

    1- A necessidade de pertencer, isto é, de vinculação;

    2- A necessidade de reservar o equilíbrio entre o dar e o receber;

    3- A necessidade da segurança proporcionada pela convenção e previsibilidades sociais, ou seja, a necessidade de ordem.

Dessa forma, ser parte de um grupo familiar requer abrir mão de algo pessoal para ser aceito, o que acaba por colocar em risco a própria individualidade. Quando existe o esforço em fazer parte desse grupo, a consciência que guia o indivíduo entra em choque e fica mais difícil perceber que o destino de cada um é único e, por isso, diferente dos demais.

Ao aceitar a diferença, o ser acaba por mostrar o que precisa ser organizado no sistema familiar e, embora não pareça, esta é a pessoa mais amorosa do grupo, que, à sua maneira, tenta sanar algo que não foi resolvido, na maioria das vezes, em uma geração anterior.

E você? Já se questionou se é ou está rotulando alguém de ovelha negra? Quão aberto ao diferente você está? Pense nisso!

 



top